Curiosidades sobre a Diabetes

 

SIGNIFICADO DO NOME

Diabetes Mellitus deriva da palavra grega “Diabetes” que significa sifão (que deixa passar água) e da palavra latina “Mellitus” que significa mel/doce. Esta denominação evidencia uma das características da diabetes, a poliúria, ou seja aumento do volume urinário e ainda o sabor doce da urina.

SIGNIFICADO DO SÍMBOLO

Desde 2006 que o símbolo universal da diabetes é o círculo azul. Foi escolhido um círculo para simbolizar a diabetes já que em várias culturas o círculo representa a vida e a saúde, tendo por isso uma conotação universalmente positiva, mais importante ainda para esta causa, foi escolhido como forma de representar união. A cor azul pretende reflectir a cor do céu bem como a bandeira das nações unidas, uma vez que só por si as Nações Unidas já representam um símbolo de união.

REFERÊNCIAS À DIABETES AO LONGO DA HISTÓRIA

A referência mais antiga que se conhece aos sintomas da diabetes datam do ano de 1550 A.C e vêm transcritas num papiro Egípcio (Papiro de Ebers), neste vem mencionado uma condição na qual as pessoas libertavam quantidades abundantes de urina.

Entre 400 e 500 A.C médicos hindus podem ter sido os primeiros a descrever o sabor doce da urina. Saborear a urina era uma forma de diagnosticar a doença, bem como observar a presença de formigas que eram atraídas para esta.

A descrição clássica da Diabetes foi feita no século I pelo médico grego Areteu da Capadócia, é também ele que nomeia a doença de “Diabetes”.

Nos anos 1700 a palavra “mellitus” foi utilizada pela primeira vez por John Rollo.

Em 1776 Matthew Dobson comprova que a substância que dava um sabor doce à urina das pessoas com diabetes era de facto açúcar.

Em 1869 Paul Langerhans descreve a aparência do pâncreas, anos mais tarde, em 1889 Minkowski reparou que ao retirar o pâncreas a um cão este apresentava sintomas de diabetes.

Em 1921 Frederick Banting e Charles Best conseguiram extrair e purificar insulina de pâncreas de animais.No início de 1922 é tratada a primeira pessoa com insulina (Leonard Thompson), um rapaz de 14 anos.

 

DESCOBERTA DA INSULINA E PRÉMIO NOBEL

Em 1921 John Macleod (Professor na Universidade de Toronto, que liderava o estudo da diabetes no Canadá) facultou um laboratório de pesquisa a Frederick Banting (cirurgião Canadiano) para que este pudesse realizar as suas experiências na extração de insulina. Charles Best, estudante de medicina, assistiu Banting nas experiências e em conjunto obtiveram um extrato pancreático animal capaz de reduzir a hiperglicemia de cães diabéticos.

Em finais de 1921 James Bertram Collip (bioquímico) junta-se à equipa com a tarefa de purificar a insulina com o objectivo de assim esta poder ser testada em humanos.

Em 1923 Frederick Banting e John James Macleod receberam o prémio Nobel da Medicina pela descoberta da insulina. A decisão do comité deixou Banting furioso pois ela achava que o Nobel deveria ter sido atribuído a ele e a Charles Best (seu assistente). Deste modo Banting decidiu partilhar o seu prémio monetário com Best, Macleod por sua vez também acaba por partilhar o seu com Collip.

 

PRIMEIRO TRATADO COM INSULINA

Leonard Thompson (1908–1935) foi o primeiro paciente a receber insulina em janeiro de 1922, na altura com 14 anos. Pesando apenas 29kg Thompson estava prestesa entrar em coma e a morrer. Alguns dias depois de lhe ser administrada uma forma purificada de insulina a glicémia de Thompson voltou gradualmente ao normal e os sintomas começaram a desaparecer.

Viveu por mais 13 anos graças à insulina, tendo morrido aos 27 devido a pneumonia.

Antes da descoberta da insulina, a Diabetes Tipo 1 significava sentença de morte, normalmente num período de meses ou até semanas ou dias.

ANIMAIS E DIABETES

Sabia que nem só os humanos desenvolvem diabetes, mas também os animais? Nomeadamente cães e gatos? Tal como nos humanos estes animais podem ter deficiência de produção de insulina ou por outro lado resistência à sua acção. Os sintomas são os habituais: perda de peso apesar do aumento de apetite, sede e libertação de urina em excesso. A insulina é normalmente o tratamento de eleição e tal como nos humanos é necessário fazer vigilância dos valores de glicémia.

 

LANGERHANS

Paul Langerhans descreveu a aparência do pâncreas observando pequenos “grupos de células” ou “ilhéus” espalhados por todo o órgão, que são por isso agora conhecidas como ilhotas de Langerhans. Estas contêm vários tipos diferentes de células incluindo as células produtoras de insulina (células beta). A sua aparência, que lembra ilhas, deu origem ao nome da insulina, que deriva do Latim “insula” que significa ilha.

AVALIAÇÃO DA GLICÉMIA EM 1925

Em 1925 testar a glicémia em casa tornou-se possível, mas era diferente de tudo aquilo que conhecemos hoje em dia.

O procedimento consistia em misturar num tubo, 8 gotas de urina com uma colher de chá de uma solução fornecida pelo médico (Solução de Benedict), ferver a mistura por 5 minutos e deixa-la arrefecer. Durante o arrefecimento a cor da solução mudava, tendo em conta a maior ou menor presença de açúcar. Azul transparente significava não existir açúcar na urina, cor esverdeada indicava que uma ligeira quantidade de açúcar estava presente, amarelo mostrava açúcar em quantidade moderada, laranja ou vermelho açúcar em quantidade abundante.

 

PRIMEIRAS TIRAS REAGENTES DE URINA

As primeiras tiras reagentes para leitura do açúcar na urina surgem por volta de 1956, as Clinistix. O procedimento é semelhante ao de hoje em dia no que a este tipo de teste diz respeito. Bastava mergulhar a tira reagente na urina e esperar pela mudança de cor, posteriormente interpretava-se o resultado com base numa tabela de cores. O problema deste tipo de procedimento é que os testes de urina não representam um “quadro actual” dos níveis de glicose no sangue já que existe um delay entre ambos.

 

PRIMEIRAS TIRAS REAGENTES DE SANGUE

As tiras teste Dextrostix foram concebidas inicialmente em 1965 para serem utilizadas nos consultórios médicos, foram as primeiras tiras teste de sangue (até então só existiam as de urina), tal como as tiras de urina também estas mudavam de cor e tinham que ser interpretadas segundo uma tabela de cores. As tiras trabalhavam bem no entanto a variação de cores era tão subtil que a interpretação do resultado se tornava extremamente difícil para a maior parte das pessoas, por isso anos mais tarde surgiu um medidor capaz de ler estas tiras de modo a acabar com esta dificuldade.

 

PRIMEIRO MEDIDOR DE GLICOSE

O Ames Eyetone surge em 1972 e foi o primeiro medidor de glicose. Pesava quase 2kg e ao contrário dosmostradores digitais actuais, este medidor tinha um mostrador analógico. Foi concebido para “ler” as tiras reagentes Dextrostix, uma vez que a sua interpretação a olho nu era extremamente difícil. Era necessário colocar uma gota de sangue na tira, esperar um minuto e de seguida limpar a gota, só depois se podia introduzir a tira reagente no medidor.

 

PREPARAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA

Antes da utilização das seringas descartáveis ou das canetas de insulina utilizavam-se seringas de vidro reutilizáveis. De cada vez que se queria fazer uma administração de insulina era necessário cumprir algumas “regras” de forma a fazer a esterilização dos dispositivos. A cada utilização, as seringas e as agulhas deviam ser fervidas em água. As agulhas extremamente longas e grossas comparadas com as actuais deviam ser afiadas com uma pedra de amolar quando se encontravam rombas.

 

PRIMEIRAS BOMBAS INFUSORAS DE INSULINA

No início de 1960 foram dados os primeiros passos para a criação das bombas de insulina, a primeira bomba de insulina experimental tinha o tamanho de uma mochila e administrava não só insulina mas também glucagon. Em 1977, surge a primeira bomba de insulina comercial, a Auto Syringe.

DIA MUNDIAL DA DIABETES

O dia Mundial da Diabetes foi criado em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes e pela Organização Mundial de Saúde. Foi escolhido o dia 14 de Novembro pois este dia marca o aniversário de Frederick Banting, um dos cientistas responsáveis pela descoberta da insulina.

PRIMEIRA CANETA DE INSULINA

Desenvolvida em 1986 (Penject) por uma médica e mãe de uma criança com diabetes tipo 1, que estava farta da complexidade e dificuldade que envolvia a preparação e administração de uma simples injecção de insulina.

 

A "GUILHOTINA"

Dispositivo de punção utilizado nos anos 80, chamado Autolet, mas apelidado por muitos de “Guilhotina”. Pela imagem percebe-se o motivo!

 

THE PALMER INJECTOR

Em 1955 surge este dispositivo, criado por Charles Palmer, ele próprio diabético. Charles começava a ter pavor de se injectar com as seringas de vidro habituais e então cria este dispositivo em forma de pistola. Ao conectar uma seringa de insulina no cabo do injector, este permite que ao puxar o gatilho a agulha penetre a pele a grande velocidade sem ter que ser o paciente a empurrar fisicamente a agulha para dentro do seu próprio corpo.


TRATAMENTO ANTES DA DESCOBERTA DE INSULINA

Antes da descoberta da insulina em 1922 a “dieta da fome” (Starvation Diet) tornou-se por volta de 1915 o único “tratamento” para a diabetes, pois permitia que os pacientes sobrevivessem por mais algum tempo (mais um ou dois anos na melhor das hipóteses).

A dieta era baseada num jejum repetido e numa acentuada desnutrição. Algumas das dietas citadas chegavam a perfazer meras 500 calorias/dia, seguidas de um dia de jejum por semana. Eram dietas pobres em hidratos de carbono e ricas em gorduras e/ou proteína, muitas vezes era incluído Whiskey no regime pois assim conseguia-se aumentar o teor de calorias sem afetar a quantidade de nutrientes ingeridos.

Este tratamento era pouco eficaz em diabéticos tipo 1, normalmente crianças, frágeis e já extremamente magras que não tinham qualquer peso extra que pudessem perder. Várias morreram devido à dieta.

 

OS "4 P's"

São 4 os P’s que identificam os sintomas da diabetes:

- Polidipsia (sede excessiva);

- Poliúria (urinar em excesso);

- Polifagia (aumento de apetite, que no entanto não leva a um aumento de peso);

- Perda de peso (frequente na Diabetes Tipo 1, pouco habitual na Diabetes Tipo 2).

 

APDP

A APDP – Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal é a Associação de Diabéticos mais antiga do mundo, tendo sido fundada em 1926. Inicialmente denominada de Associação Protectora dos Diabéticos Pobres a APDP tinha como objectivo primordial fornecer insulina gratuita aos diabéticos com necessidades económicas.


ERNESTO ROMA

Ernesto Roma licenciou-se em Medicina com 19 Valores. Em 1922 estava a estagiar em Boston quando lá presenciou as maravilhas geradas pela insulina. Fundou a APDP em 1926 e introduziu a insulinoterapia em Portugal, tornando-se um consagrado diabetologista. A maior preocupação de Roma sempre foi a educação da pessoa com diabetes, focando o seu ensinamento em aspectos como a dieta, o cuidado aos pés, o autocontrolo, entre outros.

Foi criada em sua honra a Fundação Ernesto Roma.

PRODUÇÃO ACTUAL DE INSULINA

Antigamente a insulina utilizada por diabéticos era extraída do pâncreas de bois e porcos, por ser mais parecida com a humana, no entanto esta podia desencadear algumas reações alérgicas. Atualmente a insulina é produzida em laboratório a partir de microrganismos (leveduras ou bactérias) modificados por recombinação genética.

 

FUNCIONALIDADES DO PÂNCREAS

Sabia que o pâncreas não produz só insulina? Tem funções tanto exócrinas (funções digestivas) quanto endócrinas (funções hormonais), ou seja segrega suco pancreático com enzimas digestivas que ajudam na absorção e digestão dos nutrientes no intestino, e por outro lado produz várias hormonas importantes que liberta para a corrente sanguínea, tais como insulina, glucagon e somatostatina.

 

RINS VS PÂNCREAS

Sabia que até cerca de metade do século XIX se acreditava que a diabetes era resultado de um problema nos rins e não do pâncreas? A elevada quantidade de urina libertada pelos pacientes bem como o açúcar presente nesta levou os médicos da época a acreditar que o problema seria renal.

Apenas quando Oscar Minkowski extraiu pela primeira vez o pâncreas a cães (1889) e se verificou que estes desenvolviam sintomas de diabetes, se percebeu o papel específico do pâncreas no desenvolvimento desta doença.

 

SE A DIABETES FOSSE UM PAÍS...

...seria o terceiro mais povoado do mundo, com 382 milhões de pessoas! Sendo apenas ultrapassado pela China e pela Índia.

 

EM 2035

Sabia que a Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que em 2035 a diabetes atinja mais de metade da população mundial? Cerca de 55%.

 

 

OS NÚMEROS DA DIABETES EM PORTUGAL

Segundo o Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes em 2013 13% da população portuguesa tinha diabetes, sendo que desses 5.7% não estavam diagnosticados.

 

ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA ANTES DA INSULINA

Sabia que antes da descoberta da insulina a esperança média de vida de uma criança de 10 anos diagnosticada com diabetes era de pouco mais de 1 ano? Pessoas diagnosticadas por volta dos 30 anos tinham aproximadamente mais 4 anos de vida e pessoas com 50 viviam por mais 8 anos.

Esta diferença devia-se provavelmente ao facto dos tipos de diabetes serem diferentes, o que na altura ainda era desconhecido. Possivelmente as crianças teriam Diabetes tipo 1 onde há uma falta total ou quase total na produção de insulina e a maioria dos adultos provavelmente teriam Diabetes tipo 2, que se caracteriza por uma resistência do organismo à insulina.

 

INSULINA EM COMPRIMIDO?

Sabe o porquê da insulina ter que ser injectada e não poder ser tomada em forma de comprimido? Antes de mais a insulina é uma proteína, que uma vez em contacto com as enzimas do estômago seria rapidamente destruída, perdendo assim o seu efeito. Por outro lado, mesmo que existisse maneira de não ser degradada, a insulina é uma molécula demasiado grande o que torna difícil a sua absorção através das paredes do estômago.

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